Como e para quem devo prescrever suplementos orais?

Quick Finder de produto

Escolher uma categoria ou subcategoria

Pacientes hospitalizados ou em tratamento domiciliar estão susceptíveis a déficits nutricionais importantes, como a desnutrição, que pode afetar de forma significativa o seu prognóstico, recuperação e aumentar os custos de saúde.1  Há mais de 20 anos, importante estudo nacional, IBRANUTRI, avaliou 4 mil pacientes internados na rede pública hospitalar de vários estados brasileiros e evidenciou prevalência de desnutrição de 48,1%.2 Infelizmente, o cenário não mudou ao longo dos anos e a prevalência de desnutrição, atualmente, varia de 40% a 60% no momento da admissão hospitalar, atingindo principalmente pacientes idosos, críticos ou aqueles submetidos a procedimentos cirúrgicos.3,4

A identificação precoce da desnutrição, bem como a indicação de terapia nutricional adequada são condutas esperadas que objetivam prevenir a piora do quadro e tentar recuperar o estado nutricional do paciente, minimizando, assim, os desfechos negativos de saúde.4 A alimentação oral, a mais fisiológica, deve ser a via alimentar preferencial e o nutricionista, apoiado pela equipe de terapia nutricional, deve ser o responsável por:  

1) Conhecer o comportamento alimentar do paciente;
2) Estabelecer o diagnóstico nutricional;
3) elaborar um plano nutricional adequado às necessidades e preferências do paciente.5

Ao realizar a avaliação do paciente e determinar suas necessidades nutricionais, o nutricionista pode identificar a necessidade de inclusão de suplemento alimentar oral, a fim de completar a dieta do paciente com nutrientes que não serão adquiridos através dos alimentos, seja por aceitação alimentar oral menor que 60% ou por adaptações da dieta que resultam em restrição de nutrientes, como no caso de dietas líquidas ou pastosas. Nesses casos, pode-se optar pela inclusão de suplementos orais, na forma de módulos de nutrientes ou suplementos completos, que poderão ser acrescidos às preparações oferecidas ao paciente ou consumidos nos intervalos das refeições.4,6,7

A escolha do suplemento oral mais adequado ao paciente deve considerar:

- Necessidades calóricas e de macronutrientes

- Restrição quanto à ingestão de leite e lactose

- Necessidade de suplemento nutricional especializado, de acordo com a situação clínica do paciente (diabético, renal, oncológico)

- Adaptação de consistência, de acordo com característica de deglutição do paciente

- Característica de apresentação: pó para reconstituição ou líquido pronto para consumo

- Preferências do paciente quanto ao sabor do suplemento oral. Atualmente, versões de suplemento sem sabor ou salgado são alternativas aos suplementos de chocolate, baunilha e morango, tradicionalmente encontrados no mercado.

Deixamos aqui um e-book, com o exemplo de um caso clínico indicando um passo a passo para prescrição de suplemento nutricional oral.

Os efeitos positivos do uso de suplementos orais podem ser observados em diferentes situações. Em pacientes pós-cirúrgicos de câncer colorretal, o uso de suplemento oral por três meses reduziu a perda de músculo esquelético e a prevalência de sarcopenia, além de melhorar a tolerância à quimioterapia.8 Já para pacientes com demência, o consumo de suplementos orais aumentou a ingestão de energia e proteína e melhorou o estado nutricional dos pacientes.9

Vale ressaltar que o sucesso da terapia nutricional dependerá da adesão do paciente ao tratamento, desta forma, grande esforço deve ser dedicado a sensibilização da equipe de terapia nutricional, pacientes e cuidadores quanto a importância do uso adequado do suplemento oral indicado pelo nutricionista.4 A continuidade da terapia nutricional na alta hospitalar, também é fundamental. Neste momento, o uso de suplementos orais ganha ainda mais destaque, visto sua facilidade de acesso e manuseio no ambiente domiciliar. 

Este vídeo foi realizado em parceria com a Nutritotal.

E-book B. Braun + Nutritotal

Descrição Documento Link
Como melhorar a aceitação dos suplementos orais?
pdf (2.5 MB)

Referências

1.    Ruiz AJ, Buitrago G, Rodríguez N, Gómez G, et al. Clinical and economic outcomes associated with malnutrition in hospitalized patients. Clin Nutr. 2019 Jun;38(3):1310-1316.

2.    Correia MITD, Caiaffa WT, Waitzberg DL. Inquérito brasileiro de avaliação nutricional (IBRANUTRI): metodologia do estudo multicêntrico. Rev Bras Nutr Clín. 1998;13(1):30-40.

3.    Correia MITD, Perman MI, Waitzberg DL. Hospital malnutrition in Latin America: a systematic review. Clin Nutr. 2017;36(4):958-67.

4.    Toledo DO et al. Campanha “Diga não à desnutrição”: 11 passos importantes para combater a desnutrição hospitalar. BRASPEN J 2018; 33 (1): 86-100.

5.    Rossi L, Poltronieri F. Tratado de Nutrição e Dietoterapia. 1ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.

6.    GONÇALVES TJM, et al. 3o Suplemento Diretrizes BRASPEN de Terapia Nutricional. BRASPEN J 2019; 34 (Supl 3):2-58.

7.    Waitzberg, DL. Nutrição Oral, Enteral e Parental na Prática Clínica. 5 ed. Rio De Janeiro: Atheneu Editora, 2017.

8.    Tan S, Meng Q, Jiang Y, Zhuang Q, Xi Q, Xu J, Zhao J, Sui X, Wu G. Impact of oral nutritional supplements in post-discharge patients at nutritional risk following colorectal cancer surgery: A randomised clinical trial. Clin Nutr. 2021 Jan;40(1):47-53. doi: 10.1016/j.clnu.2020.05.038. Epub 2020 Jun 2. PMID: 32563599.

9.    Tangvik RJ, Bruvik FK, Drageset J, Kyte K, Hunskår I. Effects of oral nutrition supplements in persons with dementia: A systematic review. Geriatr Nurs. 2021 Jan-Feb;42(1):117-123.